11 de novembro de 2016

FODA-SE!
















Às vezes apenas me apetece dizer FODA-SE!
Às vezes quero tanto e não tenho nada.
Às vezes quero tão pouco e tenho tanto.
Às vezes quero estar quieto no meu canto e toda a gente me chateia.
Às vezes quero estar no meio e rodeado com tanta gente e mais pareço sozinho.
Às vezes estou tão cansado, que apenas quero relaxar e descansar.
Às vezes estou com tanta energia que nem é bom passar à minha frente.
Às vezes apetece dizer basta.
Às vezes apetece dizer quero mais.
Mas hoje não quero dizer nada mas tenho tanto para dizer.
Mas hoje como quero dizer tanto, digo FODA-SE!

9 de novembro de 2016





















Palavras, algo que por vezes ele acha que conhece e tantas pessoas desvalorizam. Ele, na verdade, assim pensa porque dá-se bem com elas, com as palavras. Umas das coisas que mais gosta é de palavras. Brinca com elas, torce, distorce e delas faz trocadilhos às vezes simples, outras vezes rebuscados. Quando as escreve, às palavras, não pensa nelas, elas quase como que sussurradas lhe aparecem. Ele limita-se a coloca-las no papel. Para ele, o escritor, o poeta é um mero canal, um instrumento. Outros dizem que o poeta é um fingidor. Pois, inventa histórias, inventa sentimentos que porventura, ficaram bem no papel e a quem as lê. Ele não pensa assim, diz ele. Para ele, o escrever é como que algo que sempre fez parte dele. O papel por início e por prazer. Tem cadernos, folhas soltas que sempre pensou em organizar. Talvez um dia. As teclas pela simplicidade, pela rapidez e pelo som do teclar no silêncio da noite. Houve tempos, se ele aqui estivesse, que diria que na noite tudo vale, tudo pode acontecer, tudo é permitido. Há sonhos que se tornam realidade. Mas também há, tantas outras vezes, que os sonhos tornam-se autênticos pesadelos. Às vezes encontro-o, apesar dele ser rápido e escorregadio. Troco umas meras e curtas palavras, quase de circunstância. Não que eu não queira mais, mas pela sua apressada cadência e excesso de falta de tempo aparente, rapidamente dá a volta ao assunto e se despede. Como conhece as palavras, para ele é fácil. Ali vai ele. Para onde vai ele assim tão apressado? É algo que gostaria de saber. Para onde vais tu oh poeta?






8 de novembro de 2016















O ser humano passa a vida a queixar-se, quando na prática, devia passar, todo esse tempo, a agradecer. Infelizmente, na maior parte das culturas, o ser humano é induzido em erro. Basicamente é um cego tenta conduzir outro cego. É ensinado a dar valor aquilo, que de facto, nenhum valor tem. Nada interessa. E quando exposto e colocado em situações complexas que exigem uma instantânea boa reação, não está preparado para decidir. Quando decide, apenas por sorte, consegue acertar. Tudo o quanto cada um necessita para a sua evolução, está literalmente disponível e muitas e tantas vezes, está ao nosso lado. Sintonia, sintonia e sintonia é o que é preciso. Há aqueles, que nem isto sabem. Não que eles tenham culpa, porque não foram ensinados. O objetivo toda a gente sabe o que é mas desconhece o seu sentido e não o vê como seu objetivo. O bem, apenas o bem, fazer o bem é somar pontos na existência de cada um. Aquele que assim não pensa, já caminhará sobre brasas. A vida não acaba nunca. Como diz o poeta, morrer é apenas não ser visto.

7 de outubro de 2016

Com sem sentido





















Às vezes, apetece-me escrever. Sinto que escrevo, porque sinto. Escrevo livremente porque me sinto livre. Sem saber por onde vou, escrevo. E sem saber onde vou parar, continuo a escrever. Se paro para pensar? Não! Deus me livre Não! O sentimento mexe-me os dedos e os fazem teclar. Já outras vezes, pegam numa caneta e vão escrevendo. Houve algumas vezes, não sei se muitas ou apenas algumas, escrevi páginas a fio. Sem um rumo, mas com um sentido, o sentimento. Hoje, assim caminho. No silêncio da noite que tanto adoro ouvir, por vezes vivo. E como vivo! Tantas aventuras já vivi, que nem o tanto que escrevo é capaz de trazer um décimo dessas histórias. De que são essas historias? São histórias, histórias de sentimentos dispersos. De encontros ou desencontros. Por vezes são mágoas. Por vezes, preparo situações, situações hipotéticas que não passam disso mesmo, situações hipotéticas que não chegam acontecer. Quem não as tem…. E por isso, escrevo com sentido mas sem rumo. Se eu bebesse, estaria a beber. Se eu fumasse, com certeza estaria a fumar. Assim como isso não acontece, apenas escrevo. As palavras vão-me saindo, sem pensar, apenas sinto. O som do silêncio destaca o martelar do meu teclar. Que sentimento puro, cristalino e belo! A paz de tudo que nos rodeia. Nestes momentos, tudo toma o seu devido lugar, todas as dúvidas se dissipam, tudo fica mais claro e limpo. Agora, tudo faz sentido. E quanto menos penso, mais rápido escrevo. E quando penso, paro de escrever.


07/10/2016 

22 de setembro de 2016

Fecha a mão





A felicidade volátil e efémera, como que se lhe escapa por entre os dedos da mão forte e calejada. Estando ele habituado a lutar temerariamente e de peito aberto, começam a faltar-lhe as forças, sente-se cansado. Por vezes, quando ele passa à frente do espelho, não se reconhece, não se vê. Nestas alturas, chegam-lhe à memória os instantes quando tudo era tão puro e novo. Nesses momentos os olhos param no vazio relembrando e o coração palpita. A loucura, a alegria eram a sua felicidade e a sua imagem de marca.  O que faz com que ele feche a mão, tentando reter toda a felicidade. Mas ela, a felicidade, como se de areia fina se tratasse, entre os dedos vai saindo e esvoaçando com a brisa do vento.


21/09/2016

21 de abril de 2016

Sou mais eu!
















Hoje resolvi ser eu,
Não por não o querer ser
Não por ter medo
Mas porque sim.
Tantas e tantas vezes
Escondo-me por preguiça,
Por vontade,
Dentro de mim.
Hoje,
Sem saber,
Sem contar
E sem prever.
Senti-me eu.

Às vezes caminho
Sem me ver,
Sem me conhecer,
Passo ante passo
Dirijo-me,
Num aparente sentido,
Para lado algum.
Hoje não o disse,
Hoje não o decidi
Sou mais eu!


                                                                                                                  21/04/2016






13 de março de 2016

Puzzle















Cada pedaço é uma história
É um bocado de um puzzle.
Cada peça tenta-se não perder
Como se de um tesouro se tratasse.
A vida é um puzzle.
Que sabiamente,
Temos que tentar perceber, conhecer
E então, ai sim,
Tentar montar.

Agarro-os, os pedaços, com a vida
Agarro-os com ambas mãos,
Que por vezes, não suficientemente capazes,
Não suficientemente fortes, as mãos,
Os deixam cair, os pedaços.

Vivemos a vida
Como se a vida,
Acabasse amanhã.
A vida, essa, que de muitos pedaços se trata,
A vida que se vive, com tão pouco saber
Do que é a vida.
Não acaba nunca.



                        13/03/2016

19 de fevereiro de 2016

A historia começou assim




Ele seguia o seu caminho sem o saber. Apesar de tantas e tantas vezes, quase sempre, se sentir perdido, sem rota e sem futuro. Sentia-se basicamente distante do tanto que o fazia querer viver e que se refugiava, pensava ele, nas pessoas. Quando se julgava perdido no mundo, no mundo havia sempre quem o que conseguisse acompanhar. Durante muito, muito tempo, ele não se apercebeu. Ele, de facto, gostava de pessoas. Tanto, que tantas e tantas vezes perdia horas e horas apenas a observar as pessoas. Há quem não tenha paciência para estar sem fazer nada. Para ele o acto de observar, era prazeroso. Logo, sempre que o tempo, que é relativo, o deixava, passava demoradas horas apenas a observar. Para ele, isso era uma arte que requeria serenidade e sabedoria. Ele sabia que não podia observar declaradamente as pessoas, pois os seus negros olhos o revelavam. Houve uma altura, há já alguns anos atras, que encontrado em si, observava uma pessoa sentada no jardim. Com os seus negros olhos, consumia todos os seus movimentos. Na sua arte, decorava todos os traços, identificava todos os tiques, todos os movimentos. Para ele, guardava na sua memória, como que de um ficheiro se tratasse, todas as pessoas. E como tal tinha um ficheiro mental onde ia guardando a ficha de cada um. Para ele, a pessoa observada, iria cair num estereótipo de pessoa já conhecido. Para ele instantaneamente identificava os estereótipos das pessoas. As pessoas não tinham segredos, eram como livros abertos e ele, gostava de ler. Assim, nesse dia, essa pessoa percebeu que estava a ser observada. Quem é que não iria perceber, quando alguém a menos de uma dúzia de metros o olha, quase sem os olhos piscar. Primeiro, começou a sentir-se desconfortável. Depois, já irritado e meio vermelho, num misto de vergonha e cólera, levantou-se e foi ter com ele. Ora, como para ele, aqueles momentos eram naturais e nenhum mal representavam, não conseguiu explicar-se. De tão puro, disse-lhe a verdade – Apenas o estou a observar. Depois de uns palavrões e uns insultos, lá vieram os empurrões. Quando deu por ela, estava no chão a ser pontapeado. Este episódio assombrou-o durante meses. Durante longo tempo ficou com medo de sair de casa. E quando saia, não conseguia olhar para as pessoas. Viveu uns tempos com alguma dificuldade. Nessa altura, como ainda mais sozinho se sentia e quando nada o fazia prever, trocou um olhar e um sorriso com uma linda rapariga que naquele instante o curou. Andou com aquele olhar meigo e com aquele alegre sorriso durante algum tempo. Contudo nunca mais a viu.