19 de novembro de 2014

O jardim
















Que belo jardim este! Aqui sentado sob o sol de final da tarde e acompanhado por ninguém, saboreio um refrescante sumo de laranja. É doce, este sumo. Este simples sumo, sabe-me mesmo bem. Quem o preparou, decerto fê-lo com o saber de que quem o iria beber, com toda a certeza, iria gostar. Quando as coisas são feitas com esmero e prazer, esse ar, essa sintonia é como passada para o que se está a fazer, para o que se está a preparar. É algo que se nota, algo que se sente. Neste caso, o sumo foi feito com um certo e determinado apuro. Durante a tarde esteve quente, muito quente. O sol carregava forte sobre quem o queria como observador. Aqueles que têm o tom de pele mais para o claro, ali possivelmente sofreram um pouco. Teriam sentido mesmo a queimar. Contudo, agora, sopra uma pequena brisa que arrefece. Neste final de tarde a brisa, este tom da própria luz do sol, parece que torna tudo um pouco mais belo. Tudo se transforma. As árvores, as folhas, enfim, estão com um tom quase “photoshop”. Isto é, completo. O próprio chão, a terra misturada com o que o vento quer levar mas não consegue. Imagem merecida e esperadamente fotografada. As formas estão mais torneadas, as cores estão mais vivas. Parece ou faz-me olhar para tudo como se da primeira vez se tratasse. Gostava de conhecer e ter melhor e mais rico vocabulário de forma a que pudesse melhor ilustrar, o que os mesmo simples olhos físicos alcançam. Se existem cenários naturais que merecem ser sempre recordados, este é um deles. Tudo milimetricamente pintado, tudo cirurgicamente recortado. Que belo quadro vou eu guardar do meu jardim.


23 de maio de 2014

Bar do Hotel















A noite fazia-se já longa mas ainda assim, Ele estava no bar do hotel. Tentava trabalhar mais um pouco no assunto que o tinha levado até ali, àquela situação. Afinal, já que lá estava, tinha que absorver o sumo da “coisa”. Era algo que não lhe apetecia fazer, mas tinha que ser feito. Apesar de pensar que apenas ele o podia fazer, na verdade, ninguém mesmo o podia ajudar. De facto era assim. Nesse sentido, porque quando se metia em algo, entregava-se por inteiro, pretendia levava-lo até ao fim, não podia nem pensava de outra forma. Não iria entregar as fichas. Pois sabia que apenas no dicionário o Sucesso aparece antes do Trabalho. Costuma, não é às vezes, é sempre, dar o máximo. O que tem e, tão inúmeras vezes, o que não tem. A dor, o cansaço, são para ele, factores secundários e apenas circunstanciais, nada o afectam. É algo com que há já muito se acostumou a ter. São coisas absolutamente necessárias que o fazem crescer e com as quais vive bem.

Às vezes, parava e ficava a pensar, sobretudo a sentir. Sentia-se como uma esponja em que tudo absorve. Sempre foi assim. Desde miúdo ficava a olhar de forma tão atenta e focada, como se com fome de ver estivesse, que chegou a ter problemas com outros miúdos por ficar assim tão atento a olhar. Todos os momentos têm a sua importância e sobretudo uma razão de ser. Daí, apenas em todas as circunstâncias, tentava sugar tudo o quanto conseguia. Sugava aquilo que não se vê e não se pode tocar. Aquilo que se calhar, tentando explicar de viva voz, prefere não o fazer. Nem sabe se o consegue. A vida para ele, é apenas mais um meio para atingir um propósito. Ao contrário daqueles que com a vista reduzida ou melhor, sem ver, julgam a vida é apenas para chegar ao fim.


Foi chegada a hora, depois de se saciar neste banquete, como que desligando, levantou-se e saiu.




21 de março de 2014

Esboço - Parte 1





Há pouco lia que as palavras que o escritor escreve, a partir do momento que as coloca no papel, deixam de lhe pertencer. Isso fez-me pensar. Num comboio a mais de 120 quilómetros por hora, olho pela janela e penso. Observo quase tudo o que passa, ou nada. Acho que quando olhamos pela janela, apenas olhamos para o vazio. Olhamos para dentro, julgo eu. Ou então, apenas acontecerá a mim. Olho para o lado contrário, para a pessoa que está junto a mim. Neste caso, mesmo quase colada, ela lê. Digo isto porque hoje viajo na classe turística. Hum?!? Não, não sou pretensioso. Apenas porque me habituei a viajar na classe conforto. Mas hoje, face ao timming na marcação da viagem, assim aconteceu. Continuo a observar a minha “vizinha”. Agora ela, inspirada pela minha sintonia, desenha. Haverá quem possa ler o que acabei de escrever ”sintonia” e não perceberá o sentido. Sinceramente, os interessados vão alcançar o sentido, o significado. Os outros, esforcem-se. Já tentei ver o que desenha mas não consigo perceber. Curioso, não consigo vislumbrar sequer o que ela rabisca com um simples lápis laranja. Começou tal e qual, como alguém levemente inspirado, rabiscando, esboçando algo, isto de início. Agora, tal e qual uma profissional, com canetas de filtro, uma azul, outra preta, vai desenhando, esboça, pára e observa a “obra”. Presumo que avalia o que acabou de desenhar. 
- será que está bem - pensa ela.
- podia estar melhor – avalia
- acho que é isto – conclui.
Dá uma última olhadela e resolve, dobra a folha onde esboçou algo, não consegui perceber o quê, e mete a folha dentro do livro que apenas leu duas páginas. Acho que o livro lhe deu o que ela precisava, inspiração. Deve ser parecida comigo. As simples coisas, às vezes as mais simples, inspiram. Assim aconteceu com ela e comigo. Acho que já cheguei, ou quase.

Obrigado “vizinha”!!


20/03/2014




19 de março de 2014

Aquele abraço















Quando olho para ti,
Quero-te ver.
Quero-te ver por dentro
E por fora.
Quero ver mais, apenas.
Quando toco em ti,
Quero-te sentir
Quero perceber o que sentes
Quero-te absorver.
E quando te abraço
Ai
Quando te abraço...
Tudo faz sentido
A tempestade amaina
O vento deixa de se sentir
E sinto aquela brisa
Aquele cheirinho a Verão
A tranquilidade
O Amor.

13/02/2014

18 de março de 2014













Hoje apetece-me ser feliz.
Apenas porque sim.
Sem pensar
Sem calcular os prós
Nem os contras,
Apenas ser feliz!
O mundo que me esqueça
Pois, eu lembrei-me de mim.
Quando me apetecer,
Quando sentir que deve ser,
Não me parece que seja, tão cedo,
Nessa altura, longínqua,
Abrirei a porta.
E possivelmente,
A porta dos fundos.
Para que apenas entre
Quem eu quero,
Quando eu quiser.


18/03/2014


9 de janeiro de 2014




 



















Amo a loucura do amor.
Apenas sentir sem pensar.
Viver o momento
É algo, totalmente, preenchido.
A aventura
Do que, não é conhecido
Que nos amedronta
E,
Ainda assim, nos atrai.
O gosto pelo desconhecido
O amor é o alimento
Da vida
O amor é tudo.


08/12/2013