23 de maio de 2014

Bar do Hotel















A noite fazia-se já longa mas ainda assim, Ele estava no bar do hotel. Tentava trabalhar mais um pouco no assunto que o tinha levado até ali, àquela situação. Afinal, já que lá estava, tinha que absorver o sumo da “coisa”. Era algo que não lhe apetecia fazer, mas tinha que ser feito. Apesar de pensar que apenas ele o podia fazer, na verdade, ninguém mesmo o podia ajudar. De facto era assim. Nesse sentido, porque quando se metia em algo, entregava-se por inteiro, pretendia levava-lo até ao fim, não podia nem pensava de outra forma. Não iria entregar as fichas. Pois sabia que apenas no dicionário o Sucesso aparece antes do Trabalho. Costuma, não é às vezes, é sempre, dar o máximo. O que tem e, tão inúmeras vezes, o que não tem. A dor, o cansaço, são para ele, factores secundários e apenas circunstanciais, nada o afectam. É algo com que há já muito se acostumou a ter. São coisas absolutamente necessárias que o fazem crescer e com as quais vive bem.

Às vezes, parava e ficava a pensar, sobretudo a sentir. Sentia-se como uma esponja em que tudo absorve. Sempre foi assim. Desde miúdo ficava a olhar de forma tão atenta e focada, como se com fome de ver estivesse, que chegou a ter problemas com outros miúdos por ficar assim tão atento a olhar. Todos os momentos têm a sua importância e sobretudo uma razão de ser. Daí, apenas em todas as circunstâncias, tentava sugar tudo o quanto conseguia. Sugava aquilo que não se vê e não se pode tocar. Aquilo que se calhar, tentando explicar de viva voz, prefere não o fazer. Nem sabe se o consegue. A vida para ele, é apenas mais um meio para atingir um propósito. Ao contrário daqueles que com a vista reduzida ou melhor, sem ver, julgam a vida é apenas para chegar ao fim.


Foi chegada a hora, depois de se saciar neste banquete, como que desligando, levantou-se e saiu.